domingo, 21 de setembro de 2008

Do livro do poeta 6


I – Prelúdio: Entardecer na Cidade Feliz


Sagrado é o instante: pois existe a canção.
Nem de voz, nem de flauta se fez:
Só desta mão pousada no peito,
Sinal inconfuso do anseio.
No adeus ao Sol, qual um pássaro,
Demora-se a esperança do bem.
(Em que tom entardece a Cidade Feliz?)

Sereno é o desejo: pois existe a visão.
A oeste da perda, a leste dessa dor,
Descansa a paisagem-sorriso,
A sul e a norte da separação.
Da alegria de encontros: seus palácios;
Para todas as sedes: suas fontes...
(Em que olhar entardece a Cidade Feliz?)

Suave é o destino: pois existe a cidade-mulher.
De par em par, abrem-se os portões.
São asas prontas ao vôo,
São o vinho e o pão do peregrino.
No horizonte, o ouro envelhece,
No abraço, o mundo remoça...
(No tom de teu olhar, entardece a Cidade Feliz...)

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